«Gente séria e trabalhadora», é o mote tantas vezes utilizado, num passado recente, para definir os felgueirenses. Nada mais correcto, nem encontraria melhor definição. Mas quanto a concordâncias ficamos por aí. É precisamente por os felgueirenses serem gente séria e trabalhadora, que não merecem o que estão a passar.
Não adianta invocar o mote apenas para usar nas eleições, na frente das câmaras de uma qualquer estação de televisão, ou para citação nos jornais. A prática diária e o exercício político de governar um concelho como Felgueiras deveriam estar orientados para aí. O maior capital deste concelho é o trabalho e até esse está a ser desbaratado.
Num concelho que esteve sempre ligado ao calçado, transformado quase, e só, no único empregador, o problema do desemprego era apenas uma questão de tempo. Todos sabíamos – trabalhadores, munícipes, empresários e executivo municipal – e o que foi feito? Nada. A capacidade empreendedora e capital financeiro que o tecido empresarial felgueirense tinha não foi utilizado, incentivado, promovido, e daí o não surgimento de novas actividades, indústrias e tecnologias.
Mas o que lá vai, lá vai, e o importante é o presente. E então o que está a ser feito? Nada. A verdade é que cinco meses depois, não há uma linha de orientação estratégica para o concelho. Felgueiras é, neste momento, um concelho com um nível de atractividade zero. Como podemos competir com concelhos, geograficamente nossos vizinhos, onde impostos como o I.M.I., taxas de ligação de água e saneamento, são muito mais baixos, e só para dar alguns exemplos. As tão faladas infraestruturas rodoviárias – algumas pelo menos - já cá chegaram. Mas a que preço? A exorbitância dos valores cobrados pela concessionária da via, levanta desde logo mais um pesado fardo a suportar pela «interioridade» do nosso concelho.
A autarquia só tem uma coisa a seu favor. O facto de os felgueirenses serem, por norma, gente conformada. Enquanto durante as últimas duas décadas o crescimento económico do concelho foi de vento em popa, levado pelo investimento privado dos nossos industriais de calçado, que permitiram pagar os ordenados e criar emprego, para que os felgueirenses comprassem casa e carro, tudo bem. Aceitavam tudo, muito pouco por sinal. Mas e agora, continuaremos a aceitar “tudo”, principalmente quando esse tudo é nada?
[Sérgio Martins nº 0 do Expresso de Felgueiras]
Não adianta invocar o mote apenas para usar nas eleições, na frente das câmaras de uma qualquer estação de televisão, ou para citação nos jornais. A prática diária e o exercício político de governar um concelho como Felgueiras deveriam estar orientados para aí. O maior capital deste concelho é o trabalho e até esse está a ser desbaratado.
Num concelho que esteve sempre ligado ao calçado, transformado quase, e só, no único empregador, o problema do desemprego era apenas uma questão de tempo. Todos sabíamos – trabalhadores, munícipes, empresários e executivo municipal – e o que foi feito? Nada. A capacidade empreendedora e capital financeiro que o tecido empresarial felgueirense tinha não foi utilizado, incentivado, promovido, e daí o não surgimento de novas actividades, indústrias e tecnologias.
Mas o que lá vai, lá vai, e o importante é o presente. E então o que está a ser feito? Nada. A verdade é que cinco meses depois, não há uma linha de orientação estratégica para o concelho. Felgueiras é, neste momento, um concelho com um nível de atractividade zero. Como podemos competir com concelhos, geograficamente nossos vizinhos, onde impostos como o I.M.I., taxas de ligação de água e saneamento, são muito mais baixos, e só para dar alguns exemplos. As tão faladas infraestruturas rodoviárias – algumas pelo menos - já cá chegaram. Mas a que preço? A exorbitância dos valores cobrados pela concessionária da via, levanta desde logo mais um pesado fardo a suportar pela «interioridade» do nosso concelho.
A autarquia só tem uma coisa a seu favor. O facto de os felgueirenses serem, por norma, gente conformada. Enquanto durante as últimas duas décadas o crescimento económico do concelho foi de vento em popa, levado pelo investimento privado dos nossos industriais de calçado, que permitiram pagar os ordenados e criar emprego, para que os felgueirenses comprassem casa e carro, tudo bem. Aceitavam tudo, muito pouco por sinal. Mas e agora, continuaremos a aceitar “tudo”, principalmente quando esse tudo é nada?
[Sérgio Martins nº 0 do Expresso de Felgueiras]
7 comentários:
Meu caro Joaquim Freitas,
Estimo que o nível de exigência dos nossos assíduos comentadores / leitores, esteja tão elevado. Por outro lado, posso dar-lhe uma explicação, não que a ela esteja obrigado mas porque hoje me apetece. É que, apenas ontem, me lembrei de publicar o artigo, veja lá!
Mas atendendo ao seu nível de exigência e ao número de matérias que pretende ver abordadas neste blogue é uma pessoa que me interessava ter a escrever no blogue. Assim gostaria de o convidar a escrever aqui umas postas, que acha?
É com muita pena minha que reparo que muitas vezes os comentários mais (falta-me aqui uma palavra) são escritos por pessoas ao abrigo do anonimato. Será que somos assim tão cobardes que não consigamos fazer uma crítica de cabeça levantada e tenha que ser com quadradinhos na cara e vozes distorcidas? É a "discutir" que as pessoas se entendem e que vão melhorando as coisas, não a mandar uns "bitaites" às escondidas.
Criticar é fácil, agora apresentar soluções, ideias, dar sugestões, fazer, aprofundar, ..., já não está ao alcance de todos.
A mim há alguma coisa que me escapa.
Se este blogue não tem assuntos de interesse fruto de colaborações pouco conseguidas, porquê que há tanta gente a ler e comentar?
Já pararam para pelo menos pensar que este é sobretudo um espaço de opinião exercida de forma livre e responsável?
O problema não após 5meses não haver uma linha orientadora. O que mais me incomoda é terem ido a eleições sem essa linha orientadora. Sem um projecto para o futuro.
Ja que as marcas andam a comprar a outros países onde a mão-de-obra é mais barata, porque não criar uma marca Felgueiras? Com os desenhadores premiados da escola tecnológica de calçado, com o evento descalço, com o know-how, não deveria ser muito dificil catapultar essa marca Felgueiras para a ribalta.
Bastava negociações entre os empresários mediadas pela cãmara.
Não foi por isso que vieram dinheiros da U.E. para cá?
PS: quanto ao assunto das ligações rodoviárias, há uma ligação que deixa que me faz rir bastante. Aquela variante que vai de lado nenhum para nenhum lado. Aquela que eu sempre pensei fosse para ligar à autoestrada, mas que afinal não é mesmo para nada. Não é isso considerado desbarateamento do dinheiro público?
Caro Bruno,
Foi uma surpresa o facto de se vencerem eleições sem um programa? Julgo que não (agora, porque na altura acreditei na vitória do meu partido) porque numa análise à posteriori se verifica que foi tudo preparado ao milímetro, com muito marketing.
Mas o que lá vai, lá vai. Agora é tempo de discutir, debatendo e alertando, para os problemas que Felgueiras realmente enfrenta.
A sugestão de aproveitar os melhores talentos de Felgueiras e a marca da terra é boa, mas não estaremos a alimentar ainda mais um concelho de mono-indústria. O modelo económico do calçado está, na minha modesta opinião, esgotado. Não deveria a autarquia chamar outros investimentos?
Sim ,claro. Essa é uma aposta a fazer. Aproveitar a proximidade ao centro tecnologico de Braga e oferecer contrapartidas a investimentos em FElgueiras. Claro que contrapartidas que garantam um investimento a longo prazo.
Mas a industria do calçado está muito enraizada na cultura Felgueirense. A larga maioria das pessoas sabe o que\como fazer um sapato. Era um desperdicio desistir. Agora o que era também imprescindivel fazer era aumentar as qualificações dos trabalhadores. Para que o calçado em Felgueiras não fosse só coser sapatos.
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