terça-feira, outubro 29

Resultados e responsabilidade *

Levados a escolher democraticamente o executivo municipal, os felgueirenses decidiram por dar continuidade ao projeto liderado por Inácio Ribeiro, desta feita por uma esmagadora maioria. Foram muitos os que apostavam noutro tipo de resultados face ao cenário político. O descontentamento mais ou menos generalizado face ao governo, a baixa popularidade do PSD, a união da família socialista felgueirense (de que eu sempre duvidei) fizeram com que o PS Felgueiras almejasse chegar à vitória.
Mas os felgueirenses pensaram de outra maneira e deram à coligação PSD/PPM, uma maioria com mais de dezanove mil e quinhentos votos, contra os cerca de oito mil e setecentos do PS, ou seja, mais do dobro dos votos. Se analisarmos a questão tendo em linha de conta que o anterior parceiro de coligação do PSD teve dois mil e quatrocentos votos e que mesmo assim o PSD subiu dois mil e seiscentos votos, a vitória ainda é mais impressionante. Significa isto também que a família socialista que há quatro anos teve (entre o também então candidato Eduardo Bragança e Fátima Felgueiras) quinze mil e quinhentos votos, baixou para oito mil e setecentos em apenas quatro anos. Sem dúvida nenhuma que os socialistas de Felgueiras necessitam rever a sua estratégia política, até porque quanto mais construtiva e forte for a oposição, melhor deverá ser o trabalho do executivo, saindo todos nós felgueirenses beneficiados.
Apesar de o candidato socialista à Assembleia Municipal, Júlio Faria, ter conseguido mais dois mil votos que o próprio candidato à câmara Eduardo Bragança, o grupo parlamentar da família socialista ficou reduzido a nove deputados, contra os dezasseis de há quatro anos. Será tarefa muito complicada para o PS fazer esta travessia do deserto.
Mas, mais importante que todos os resultados, será o trabalho desde novo executivo camarário, reforçado agora com mais dois elementos – fruto do aumento do número de vereadores de sete para nove -, passando a coligação PSD/PPM a deter seis vereadores contra os três socialistas. Os compromissos assumidos, as preocupações com as famílias, os novos apoios sociais, os incentivos económicos e culturais, assim como os apoios aos jovens, devem e têm que ser cumpridos.
Os felgueirenses concordaram com o que foi feito e quiseram manter a esperança num concelho ainda melhor. Por isso, deram a este executivo uma ainda maior responsabilidade ao reforçar a maioria com que governarão. Só depende do executivo decidir o que fazer com essa responsabilidade.
* Expresso de Felgueiras, 10 outubro 2013

sexta-feira, outubro 4

Rescaldo Eleitoral

No rescaldo da noite eleitoral, que apurou uma enorme vitória por parte da coligação Manter a Esperança, subiu de 48,65% (17938 votos) para 58,38% (19615 votos), há vários aspetos a ter em conta. Os resultados propriamente ditos e a flutuação da orientação de voto do eleitorado.
Há quatro anos a coligação PSD / CDS-PP, obteve quase dezoito mil votos, contra os cerca de sete mil do PS e os nove mil e quinhentos do MSP, um dos “ramos” da família socialista de Felgueiras. No total, a família socialista obteve cerca de 16.500 votos. Seria expectável que nestas eleições, mesmo com todos os “anti-corpos” do candidato Eduardo Bragança, o resultado fosse mais discutido. Afinal, dos cerca de 16500 eleitores que tiveram a orientação de voto na família socialista em 2009, apenas 8700 votaram no PS.
Mesmo contando com cerca de mais 3000 abstencionistas em 2009, a subida do CDS-PP para 2400 votos (incorporando muitos votos de protesto), o PS fica muito abaixo daquilo que todos estariam a prever, mesmo os adversários.

Que ilações deverá a liderança socialista tirar dos resultados?

Que seja o concelho a ganhar

Última semana de campanha e as candidaturas desdobram-se em atividades, procurando convencer os eleitores. As estratégias de campanha são mais apuradas e o marketing político faz a sua parte. Há estratégias mais atrevidas que outras, mas há um partido político que tem utilizado uma que é bastante arriscada na minha opinião. Onde há agregação de freguesias, em que existe apenas uma candidatura, mas composta por elementos das várias freguesias, como por exemplo a União de freguesias de Margaride, Várzea, Lagares, Varziela e Moure, optaram por retirar o cabeça de lista da candidatura dos cartazes, colocando apenas o representante da freguesia na lista, assim como nos infomails são apresentados com o dito representante. Das duas uma, ou não acreditam no cabeça de lista à União de freguesias, ou pretendem levar o eleitorado ao engano, pensando que estão a votar num cabeça de lista quando na realidade é outro. O que eu acho é que ainda há pessoas que menosprezam a inteligência dos eleitores.
Por outro lado temos outra candidatura, que está no poder, que faz o balanço do que prometeu e cumpriu, do que foi melhorado em quatro anos. Sim, convém não esquecer que os socialistas estiveram à frente do governo do concelho durante trinta e quatro anos e o PSD apenas quatro. Para quem gosta de dizer que se fez pouco, eu costumo responder que se fez muito, mas mesmo muito. O principal motivo porque digo isto é muito simples. Felgueiras era conhecida apenas há quatro anos atrás, pela terra do saco-azul, onde todo o tipo de suspeições existiam, onde (e basta fazer uma pesquisa no site da Marktest) apareceram mais notícias negativas do que em qualquer outro período do nosso concelho. Isso acabou. A maior vitória, e a maior obra deste executivo foi retomar o bom nome de Felgueiras, terra que com sessenta mil habitantes exporta mais de setecentos milhões de euros em calçado, vinho, kiwis, bordados e vários outros setores. Isto deve-se à gente trabalhadora e esforçada, aos empresários e empreendedores, mas também ao bom clima, propício ao desenvolvimento, que aqui se verifica. Eram muitos os empresários que pensavam deslocalizar indústria para Lousada, Celorico, Mondim e que depois optaram por ficar no concelho.
Mas também há muita obra social. A começar pelos manuais escolares entregues de forma gratuita aos alunos, uma promessa eleitoral cumprida. Outros votaram contra essa medida e agora, em altura de eleições, surgem a oferecer lápis e cadernos a quem os quiser ir buscar. Outra das medidas foi a baixa do IMI para as taxas mínimas, colocando Felgueiras como um dos poucos concelhos do país a praticar tais taxas beneficiando os felgueirenses através de uma baixa de impostos. Outros prometem agora no seu manifesto que vão “assegurar o IMI na sua taxa mínima, durante o mandato”. Na semana passada votaram, em reunião de câmara, contra a proposta do PSD de manter as taxas do IMI no mínimo. É esta a responsabilidade do partido socialista? É isto que os felgueirenses querem para Felgueiras? Alguém que promete uma coisa, e em plena campanha eleitoral faz outra?
É por este cenário que é importante que exista uma maioria clara para governar Felgueiras. Alguém imaginaria o que seria o presidente propor as medidas sociais que quer realizar no próximo mandato, como a gratuitidade das vacinas para as crianças, e a oposição vir a conseguir chumbar tais medidas por não haver maioria? Outros cantariam vitória apenas com um cenário destes, mas quem fica a perder são os felgueirenses! Pelas atitudes ao longo deste mandato a oposição demonstrou claramente que se preocupa mais com as suas questões eleitoralistas do que com a população, preocupa-se mais com o seu próprio projeto pessoal que com as verdadeiras obras que se podem fazer, aquelas que mudam a vida das pessoas no imediato, para muito melhor.
Por todos estes motivos é muito importante que todos os felgueirenses vão votar, que exerçam o seu direito, a arma mais poderosa que têm, para demonstrar claramente a sua escolha! Independentemente de como terminar, espero que seja o concelho a ganhar. 
* Expresso de Felgueiras, 24 setembro 2013