segunda-feira, agosto 6

O CDS e Felgueiras


Na última edição do Expresso de Felgueiras, o meu ilustre companheiro de crónicas, Luís Miguel Nogueira, fez uma bela ode às virtudes do CDS-PP de Felgueiras. Tal facto não é desvirtuado de legitimidade para o fazer - não seja o ilustre cronista, o coordenador autárquico do CDS-PP - e, por isso, ainda mais habilitado para saber o que se passa no seu partido. O início da crónica prometia… estamos “A TRABALHAR POR FELGUEIRAS!”
Apesar de eu não exercer nenhum cargo político, senão o de militante, permito-me discordar de algumas ideias com base naquilo que é sabido e público. Desde logo a questão da coligação “Nova Esperança”. A coligação foi negociada entre as duas comissões políticas de então, lideradas por João Sousa (PSD) e Paulo Rebelo (CDS), sendo que os termos da mesma foram, e estão a ser, escrupulosamente cumpridos pelo PSD. O Dr. Paulo Rebelo é o presidente da Assembleia Municipal e as orientações políticas e promessas eleitorais a serem cumpridas conforme combinado. Não li em momento algum um apontamento do que entende por “a mudança não tinha sido a pretendida” ou ainda “estratégia de desenvolvimento” diz também que este novo grupo de trabalho do CDS-PP foi criado há “ano e meio”, ou seja, apenas seis meses após as eleições! Não deixo também de referir que o timing corresponde à reentrada de Madalena Silva como líder da comissão política. É público que Madalena Silva não vê com bons olhos os lugares ocupados pelo CDS, pretendia mais, muito mais, como sempre fiel à sua própria personalidade, mas eram exequíveis as suas expetativas? Não. Sem sombra de dúvida que não. Pura e simplesmente o CDS não tem o peso político nas urnas para negociar (vale, em média e por eleição, cerca de 600 votos) mas, por outro lado, cria problemas na campanha, com estratégias que não dão votos mas retiram ao PSD, transferindo-se esses eleitores tradicionalmente para o PS.
Se o objetivo é esse, então o CDS-PP Felgueiras deve assumir o ónus de, sem nunca ter informado o parceiro de coligação, ter iniciado uma campanha de desinformação, de preparação de eleições sempre à revelia de uma coligação que se pretendia para quatro anos, pelo menos. Sim, porque a estratégia delineada por Paulo Rebelo para o CDS, parece-me a mais acertada. Estarem presentes na coligação, trabalharem ao longo de quatro anos em conjunto e nas próximas eleições aparecerem com mais candidatos nas listas da coligação. Ou seja, criar valor, aportar conhecimento e depois colher os frutos do trabalho. Ao invés, a estratégia foi de dar “guarida” a “defensores a todo o custo” de Fátima Felgueiras em tempos passados, sendo esse o sangue novo que o CDS tem. Percebo que muita gente tenha ficado “desiludida” com este executivo quando chegou a hora de pedir o “favor” e viu que já não estava mais no regime anterior.
Não tendo eu conseguido ver na sua crónica o que o CDS faz por Felgueiras, julgo que o mote de início deveria ter tido melhor escolha, como por exemplo, A TRABALHAR PELO CDS-PP. 

* Crónica no Expresso de Felgueiras, 3 Agosto 2012