A cada novo período
eleitoral autárquico a história repete-se. É o fervor do fecho das listas, com
os últimos contactos, as surpresas das caras que surgem em algumas delas, é o
colocar das máquinas eleitorais em funcionamento, dos outdoors, dos programas e
manifestos e um sem número de coisas que todas as candidaturas têm que efetuar.
Mas é também tempo das apresentações públicas das candidaturas. No último fim-de-semana,
o PS Felgueiras apresentou o seu recandidato, Eduardo Bragança (derrotado nas
últimas eleições autárquicas naquele que foi o pior resultado de sempre do
Partido Socialista em Felgueiras), ao concelho. Já anteriormente, o PSD e o PPM
tinham apresentado a Coligação «Manter a Esperança» cujo cabeça de lista é o
atual presidente de câmara, Inácio Ribeiro, eleito há quatro anos, naquela que
foi a primeira vitória da direita, em eleições autárquicas desde o 25 de abril.
Estas candidaturas
revestem-se quase sempre do mesmo formato; apresentação formal do candidato, ou
dos candidatos aos diversos órgãos, com a presença do maior número de
simpatizantes e apoiantes possível como forma de se começar desde logo a
“contar bandeiras”, assim como os líderes políticos mais relevantes que vêm
apadrinhar as candidaturas. No caso do PSD, evitando o desgaste natural dos
elementos do governo, vieram deputados, líderes distritais e nacionais. No caso
do PS veio o líder nacional José António Seguro, dar a necessária cobertura à
candidatura de Eduardo Bragança. Até aqui nada de anormal não fosse o facto de,
nas listas a que Seguro veio dar chancela, fazerem parte elementos que tinham
sido expulsos do Partido Socialista aquando das candidaturas independentes de
Fátima Felgueiras. Nada tenho contra isso, aliás, algumas dessas pessoas são
até dos elementos mais válidos que o partido socialista tem em Felgueiras, o
que os eleitores por certo não perceberão é a incoerência destas atitudes. Por
um lado perderam a sua qualidade de militantes, por outro, o líder do seu
partido veio dar o seu aval à sua candidatura… se é que sabia.
Cerca de dezena e meia de
militantes históricos do CDS-PP Felgueiras, convocaram uma conferência de
imprensa para declararem publicamente o seu apoio à coligação “Manter a
Esperança” (PSD/PPM) e se afastarem da estratégia seguida pelo seu partido para
estas eleições que classificaram como o “pior erro político do CDS Felgueiras”,
referindo-se, naturalmente, ao facto de a líder centrista, Madalena Silva, ter
optado por romper com a coligação vencedora que mantinha com o PSD desde 2009,
e apresentar o partido sozinho a eleições. Trata-se naturalmente de um enorme
revés para a candidatura centrista de Carla Carvalho. Tendo sido um segundo
nome escolhido para liderar a candidatura à autarquia – Luís Miguel Nogueira
foi o primeiro nome avançado pelo CDS-PP – a poucos meses das eleições
autárquicas e a ver membros históricos locais a não se reverem na sua
candidatura fica ainda mais difícil conseguir defender um resultado que a líder
concelhia, Madalena Silva, colocou muito alto.
Pelo que tenho lido e
ouvido, parece que alguns políticos e comentadores não perceberam a mensagem
dos outdoors que a coligação “Manter a Esperança” colocou na rua. Talvez por
ser inovadora (mesmo a nível nacional) e por ter um político a prestar contas
ao eleitorado. Na maioria dos outdoors aparece reproduzido um outro, utilizado
na anterior campanha eleitoral, com um compromisso assumido pelo atual
presidente da câmara municipal, Inácio Ribeiro, e do outro lado o que foi feito
em relação a isso. Assim não há dúvidas. Os eleitores podem avaliar por si
mesmos o que foi prometido e o que foi cumprido e, diga-se em abono da verdade,
é preciso estar muito seguro do número de compromissos assumidos e que foram
cumpridos para se expor assim à avaliação dos eleitores. É que de facto, este
executivo pode gabar-se de ter uma taxa de execução daquilo que foram os seus
compromissos eleitorais superior a oitenta por cento! É obra!
in Expresso de Felgueiras, 26 de julho 2013