segunda-feira, julho 15

Paulo Portas...

Paulo Portas é um hábil político. Tem um felino instinto político, com uma enorme capacidade de sobrevivência, que lhe tem valido para estar, depois de tudo, ainda a fazer estragos. No momento em que escrevo estas linhas, o Presidente da República já disse, embora implicitamente, que não dá o aval a esta remodelação governamental, fruto da birra política de Paulo Portas. Não digo que, eventualmente, este até não tivesse razão em relação ao facto de o primeiro-ministro não obter dele o acordo quanto à nova ministra das finanças, ou que sobre outras matérias igualmente mais importantes também o não tenha feito. Contudo a questão é bem mais grave e profunda do que isso.
Para quem tem um discurso público de sentido de Estado, de que o País está em primeiro lugar, o líder do CDS, colocou o partido e a sua própria sobrevivência política acima de tudo. Atendendo ao desgaste que o governo está a ter – e teria outro qualquer na atual conjuntura económica – o CDS arriscaria desaparecer e a tornar-se ao velhinho partido do táxi. Assim, a única forma de conseguir ter aqui um trampolim seria conseguir colar a sua imagem a algo positivo. Segundo algumas informações e previsões, Portugal terá fechado o segundo trimestre com crescimento económico. Muito residual, é certo, mas com crescimento. Se associarmos isso ao facto de no próximo ano a Troika ir embora, a Paulo Portas ter sido proposto para chefiar as negociações com os mesmo e ter, na sua mão, o dossiê da Reforma do Estado, valeria enormes scores eleitorais. Está na altura de ir desapertando o colete de forças, a aparecerem resultados, e o CDS, mas principalmente Paulo Portas, estariam na linha da frente a colher os louros.
O que o CDS e o próprio primeiro-ministro, a bem da verdade acho que quase ninguém, contava era que o Presidente da República dinamitasse por completo as pretensões de Passos Coelho e de Paulo Portas. Mas só quem não conhece Cavaco Silva e a sua aversão pelas jogadas políticas do líder centrista, achava que, a bem da estabilidade política a todo o custo o Presidente deixava passar mais esta… Assim, estamos em suspenso aguardando o desenrolar dos próximos capítulos, que, independentemente da solução, serão sempre provisórios e de estabilidade questionável.
António José Seguro já fez saber que não viabilizará qualquer entendimento político a não ser num cenário de eleições imediatas, cabendo por isso a Cavaco Silva duas alternativas. Ou toma a iniciativa de um governo ou convoca eleições já. Sabendo da sua aversão à instabilidade preferirá sempre um governo de sua iniciativa, mas também não a todo o custo. Uma coisa é certa, ou temos cuidado ou seremos outra Grécia.

Por cá, o atual presidente da câmara e candidato pela coligação “Manter a Esperança” entre o PSD e o PPM, Inácio Ribeiro, fará a apresentação pública da sua candidatura este domingo pelas 18h na Casa das Artes. Será uma primeira presença enquanto candidato pelo que é espectável que faça um balanço do mandato que agora termina e das principais linhas orientadoras para um próximo. Já agora, uma informação que muitos não sabem. É que Inácio Ribeiro é o primeiro presidente da câmara municipal de Felgueiras a conseguir executar mais de oitenta por cento dos compromissos eleitorais assumidos na anterior campanha.
* in Expresso de Felgueiras, 11 julho 2013

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