Paulo Portas é um hábil
político. Tem um felino instinto político, com uma enorme capacidade de
sobrevivência, que lhe tem valido para estar, depois de tudo, ainda a fazer
estragos. No momento em que escrevo estas linhas, o Presidente da República já
disse, embora implicitamente, que não dá o aval a esta remodelação
governamental, fruto da birra política de Paulo Portas. Não digo que,
eventualmente, este até não tivesse razão em relação ao facto de o primeiro-ministro
não obter dele o acordo quanto à nova ministra das finanças, ou que sobre
outras matérias igualmente mais importantes também o não tenha feito. Contudo a
questão é bem mais grave e profunda do que isso.
Para quem tem um discurso
público de sentido de Estado, de que o País está em primeiro lugar, o líder do
CDS, colocou o partido e a sua própria sobrevivência política acima de tudo.
Atendendo ao desgaste que o governo está a ter – e teria outro qualquer na
atual conjuntura económica – o CDS arriscaria desaparecer e a tornar-se ao
velhinho partido do táxi. Assim, a única forma de conseguir ter aqui um
trampolim seria conseguir colar a sua imagem a algo positivo. Segundo algumas
informações e previsões, Portugal terá fechado o segundo trimestre com
crescimento económico. Muito residual, é certo, mas com crescimento. Se
associarmos isso ao facto de no próximo ano a Troika ir embora, a Paulo Portas
ter sido proposto para chefiar as negociações com os mesmo e ter, na sua mão, o
dossiê da Reforma do Estado, valeria enormes scores eleitorais. Está na altura
de ir desapertando o colete de forças, a aparecerem resultados, e o CDS, mas
principalmente Paulo Portas, estariam na linha da frente a colher os louros.
O que o CDS e o próprio
primeiro-ministro, a bem da verdade acho que quase ninguém, contava era que o
Presidente da República dinamitasse por completo as pretensões de Passos Coelho
e de Paulo Portas. Mas só quem não conhece Cavaco Silva e a sua aversão pelas
jogadas políticas do líder centrista, achava que, a bem da estabilidade política
a todo o custo o Presidente deixava passar mais esta… Assim, estamos em
suspenso aguardando o desenrolar dos próximos capítulos, que, independentemente
da solução, serão sempre provisórios e de estabilidade questionável.
António José Seguro já fez
saber que não viabilizará qualquer entendimento político a não ser num cenário
de eleições imediatas, cabendo por isso a Cavaco Silva duas alternativas. Ou
toma a iniciativa de um governo ou convoca eleições já. Sabendo da sua aversão
à instabilidade preferirá sempre um governo de sua iniciativa, mas também não a
todo o custo. Uma coisa é certa, ou temos cuidado ou seremos outra Grécia.
Por cá, o atual presidente
da câmara e candidato pela coligação “Manter a Esperança” entre o PSD e o PPM,
Inácio Ribeiro, fará a apresentação pública da sua candidatura este domingo
pelas 18h na Casa das Artes. Será uma primeira presença enquanto candidato pelo
que é espectável que faça um balanço do mandato que agora termina e das
principais linhas orientadoras para um próximo. Já agora, uma informação que
muitos não sabem. É que Inácio Ribeiro é o primeiro presidente da câmara
municipal de Felgueiras a conseguir executar mais de oitenta por cento dos
compromissos eleitorais assumidos na anterior campanha.
* in Expresso de Felgueiras, 11 julho 2013
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