segunda-feira, dezembro 14

VARIANTE À EN207

Texto: Crónica pessoal publicada no Expresso de Felgueiras N.º 92

Mas que diabo tem a minha terra?
Que fado é este que nos faz parecer que vivemos numa terra de sonho, numa terra “do faz de conta”, num quinhão de Portugal extraído duma fábula de La Fontaine.
Depois das enumeras bolandas na construção, classificação e exploração da Variante à EN207, ou seja, o troço de auto-estrada que liga as portagens da A11 ao centro da cidade, por entre chumbos de impacto ambiental, retiradas da concessão da SCUT do grande Porto, vazios legais, obras prontas sem permitirem o seu uso durante meses, o problema foi finalmente resolvido através de diploma legal (DL n.º 147/2009 de 24 de Junho). A Variante à EN 207 passa a pertencer à A11 e como tal, vai ser cobrada portagem nesse troço. Até aqui entendo, independentemente de concordar ou não.
No entanto, surge logo uma primeira questão. Moro na Longra, quero sair da A11 e não há um ramal de saída. Ou antes, há a famosa variante. Mas eu não quero entrar noutra auto-estrada, apenas quero ir para casa. Eis senão quando, surge nova legislação (Despacho n.º 16921/2009 de 26 de Junho), que diz: sim senhor, as pessoas que queiram sair da A11 para a Longra, não tendo saída alternativa, estão isentas de portagem. Para dar cumprimento a essa lei, o que faz o concessionário, cobra-me 15 cêntimos de portagem. Desculpem só uma coisinha. A lei não diz precisamente o contrário? Diz, mas como vivo em Felgueiras, a tal terra “do faz de conta” não será para levar a sério. Já agora, o despacho foi assinado pelo ex-ministro Mário Lino. Será que isto reforça ainda mais a ideia, que, a lei não é para levar a sério?
Então vamos ver se compreendo isto tudo. Da saída da A11 até à Longra, por não haver outra saída alternativa, não pago. Da Longra até Felgueiras, por ser um troço de auto-estrada integrado no âmbito da concessão da A11, pago. Certo, entendi. No entanto, o que é que se passa: precisamente o contrário. Até à Longra pago 15 cêntimos. Mas, se saio de casa na Longra e me desloco pela variante (paga) até ao centro da cidade, quanto é que pago: nada. Zero. Mas então, não era ao contrário? Era. Sim, pois, mas estamos em Felgueiras, não é?
Bem, talvez me tenham que fazer um desenho para perceber. A auto-estrada A42 (uma SCUT), até ver, é grátis. As placas rodoviárias da Variante à EN207 identificam-na como A42. Grátis, portanto. Certo? Não, errado. A variante é um troço da A11 sendo portanto pago. Mas as placas informam que estamos na A42. Sim, mas estamos em Felgueiras, na “terra do faz de conta”. Portanto é preciso ler as placas com olhos de criança, como se fosse uma fábula de La Fontaine.

3 comentários:

Sérgio Martins disse...

Há coisas que não lembram ao diabo... ou então só numa fábula mesmo!

CP disse...

Incrível!

JPinto disse...

Não podemos esquecer que este troço está isento de portagem, por ordem do Governo:
http://jn.sapo.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx?Distrito=Porto&Concelho=Felgueiras&Option=Interior&content_id=1316872

Não tenho presente quando foi publicado, nem fiquei com uma cópia. Isto revela o clima de impunidade que se sente.