quinta-feira, julho 1

Paga quem usa (*)

Começo por uma declaração de interesses: sou utilizador diário da A41, A42 e A28. Sempre fui, e sou, defensor do princípio do utilizador pagador na questão das portagens. Quando António Guterres se lembrou de tão mirabolante expediente para financiar as auto-estradas, foram muitos os que protestaram que não apenas os partidos políticos da oposição, uma vez que era evidente que tal solução iria onerar muito as contas públicas. O que não posso aceitar é o facto de depois de uma decisão tomada, alguns dos que então faziam parte do governo, venham agora dizer que “é da mais elementar justiça que sejam os utilizadores a pagar”. Isso já o era e, perante essa má decisão, cujo argumento da altura era permitir e atrair o desenvolvimento, para zonas menos desenvolvidas como o Minho e o Douro interior, para falar no nosso caso. Várias empresas se instalaram nessas localidades, fazendo os seus cálculos de custos com base numa realidade que agora deixou de existir. Ouvi há dias, na rádio, um empresário da área de distribuição, com sede em Viana do Castelo, cuja carteira de clientes se situa na zona do Porto, dizer que os custos de distribuição vão subir cerca de cento e cinquenta mil euros “só” porque vão passar a pagar portagens. Não se trata de uma questão de quem deve ou não pagar, acho, como já disse, que devem ser os utilizadores. Contudo, o que os socialistas fizeram foi, mais uma vez, enganar os portugueses, dando com uma mão e tirando com a outra.
Nesta luta contra a aplicação de portagens estão as populações e os autarcas – pelo menos alguns – das localidades mais prejudicadas, como Felgueiras. Aqui vemos o presidente da câmara na frente da luta, em conjunto com os presidentes de outros municípios, mas não se conhece até ao momento a posição dos líderes da oposição, nomeadamente Eduardo Bragança e Fátima Felgueiras. Até ao momento, nem uns, nem outros, se vieram insurgir publicamente contra a sua família política, o que causa alguma estranheza… ou não.
Estranho, ou talvez não também, é a não abertura da Casa das Artes no Teatro Fonseca Moreira, quando, ao que parece, as obras estão concluídas. Numa altura em que este verão já devia ser sinónimo de muitas actividades culturais no novo espaço, este encontra-se fechado, sem que seja publicamente dada qualquer explicação para o assunto.
Sei que a maioria Nova Esperança, tem que se proteger dos ataques à sua gestão, mas não é, não comunicando, ou fazendo-o apenas quando as perguntas são enviadas por escrito. Já no passado critiquei esta atitude na gestão de Fátima Felgueiras e não posso deixar de o fazer desta feita também. Não sei se por receio do que se possa dizer, se por evitar que seja feita outra pergunta, na sequência da resposta para melhor esclarecer quem lê ou ouve, ou por outro motivo mais “elaborado”. Assim tudo fica mais artificial, fabricado, elaborado, sendo também mais politicamente correcto.
A cidade da Lixa está de parabéns, por mais um aniversário da passagem a cidade, e pela primeira vez com umas festas à “medida” dos anseios dos lixenses. Isso, em conjunto com a realização, na Lixa, da primeira Assembleia Municipal fora da sede de concelho, veio dar o merecido destaque à segunda cidade do concelho, ostracizada durante muitos anos pelo partido socialista.
(*) Expresso de Felgueiras, 25 de Junho 2010

1 comentário:

SPC disse...

Hoje aqui há pano para mangas mas no fim vamos concluir que há muitos “mangas” a decidir o nosso futuro!

Eu concordo com o princípio do utilizador pagador mas desde inicio, não agora!
Houve várias regiões que sustentaram a chamada de investimento e geração de riqueza local nas boas acessibilidades, com custos reduzidos e perto dos grandes centros urbanos.

Agora vamos mudar as regras mas há contas que não aparecem nas notícias e que eu gostaria de ver explicadas, ou seja:
• O estado (todos nós) paga cerca de 780 milhões de euros (o equivalente a 1% no aumento do IVA em todos os escalões) todos os anos às concessionárias.
• O estudo feito sobre o retorno ao estado com as portagens nas auto-estradas do Norte ronda os 178 milhões de euros
• Ainda faltam receitas na ordem dos 600 milhões de euros para que a utilização pague o serviço

Algumas das minhas duvidas são:
• Já alguém fez algum estudo sobre o impacto que as portagens terão na competitividade das empresas?
• Qual é o impacto que as portagens terão na vida do cidadão comum? Não acham que isto vai retirar poder de compra?
• Qual será o impacto desta redução do poder de compra e consequentemente da poupança na economia regional e nacional?

Eu, sem fazer contas, tenho a certeza de que o impacto negativo superará, em muitos milhões de euros, a receita extraordinária e imediata que o governo espera apenas para maquilhar as contas que tem de enviar para Bruxelas.

Depois há outra conclusão que me assombra. Com todo esse dinheiro que se gasta anualmente com as concessionárias (€ 780.000.000) não conseguiria o estado, com toda a sua máquina, fazer melhor e mais barato. Quem, fez as contas a estes investimentos? Porque não os chamamos agora á responsabilidade?

Traçamos estratégias e demos acessibilidades a Portugal, politicas estas que dariam frutos a longo prazo, como devem de dar todas as politicas. Agora vamos estragar algo que ainda nem está completo para obtermos rendimentos a muito curto prazo!

Ainda tenho mais de 20 pontos a discutir sobre este assunto mas vou ficar por aqui porque, até para mim, este texto já está a ser maçudo!

Bons morangos a todos

PS – como disse no inicio andaram e andam por aí muitos “mangas” que nos andam a comer a “papaia” toda