sexta-feira, março 20

Que Humanidade? (*)

Volta e meia vemos que a Humanidade ainda tem um longo caminho a percorrer. No Brasil (como podia ter sido em qualquer outro país), uma criança de 9 anos aparece grávida de gémeos no hospital, vítima dos abusos sexuais que o padrasto lhe infligia há três anos. Verificado o elevado risco para a saúde da criança – já para não falar, mesmo que este não existisse, em ver uma criança mãe de outras crianças como aconteceu recentemente em Inglaterra – os médicos decidem ser o aborto a melhor solução. Consumado o aborto, que continua a fazer daquela pobre menina criança a pior das vítimas, o digníssimo Arcebispo de Olinda e Recife, decide excomungar a infeliz criança bem como a família e médicos que exerceram o acto. Grosso modo, é isto que relatam as notícias sobre o assunto. Com estes dados apenas sou forçado a afirmar que não é esta a Igreja em que me revejo, tal como não é esta a Humanidade que procuro. Se não existe Humanidade na Igreja, onde existirá? Confesso que este caso me perturba duplamente – pelo crime de abuso sexual e pela excomunhão.
Quatro anos de governo socialista comemorados ontem. Não sei, mas deve ser a mesma sensação que um preso sente ao comemorar o quarto aniversário da sua pena e pensar que ainda lhe falta mais um. De um governo de inovação tecnológica, reformas estruturais, redução do défice, criação de emprego – 150.000 novos empregos, lembram-se? – passamos para um governo que vende “Magalhães” como mostra tecnológica para o estrangeiro mas não entrega os exemplares encomendados pelas escolas, que começou com firmes passos nas reformas mas que agora levantou o pé (a exemplo do que aconteceu na Saúde, na Educação, na Justiça), vimos bons exemplos na redução da burocracia, mas que não chegam a todo o lado, ou quando chegam há funcionários impreparados. Um governo que não se preparou para o que toda a gente dizia e sentia que aí vinha com a crise, mas, numa atitude completamente autista, prepara um Orçamento completamente desfasado da realidade económica do país. Graças à estratégia dos socialistas do governo estamos a sentir muito mais a crise.
Segundo algumas informações que circulam nos meios políticos de Felgueiras, os partidos políticos – PS, PSD e CDS – avaliam a possibilidade de uma candidatura “bloco central”. Pela parca informação que consta nos blogues locais, o “bloco central” é apresentado como a solução milagrosa e única para combater a quase certa candidatura de Fátima Felgueiras. Ora, logo a começar por aí, parece-me desde logo muito mal que assim seja. Não haverá nada pior do que um juntar de vontades apenas com a lógica do “que remédio”. Para já não passa, julgo eu, de apenas mais uma vontade de alguns.
(*) Expresso de Felgueiras, 13 de Março de 2009

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