segunda-feira, outubro 31

Da arte de bem perder

Não me incomoda a derrota. Não me incomoda perder uma luta justa, onde as regras estão previamente definidas. Não me preocupa não ser melhor do que outrém, se o outro é, realmente, melhor do que eu. É a Lei da Vida. Ponto final.

Saber perder é tão ou mais importante do que saber ganhar. Quem perde e amarga, perdeu-se. Quem perde e acredita, está de novo pronto para a luta. Eu sempre acreditei que cair é apenas uma nova oportunidade para que alguém se volte a levantar. E quem se contenta com a poeira mais não merece do que viver aí.

Sempre encarei a vida de frente. Sem subterfúgios nem subtilezas. Um problema não se adia, resolve-se. E se tiver que se perder, que se perca. Vire-se a página, levante-se a cabeça e arrepie-se caminho.

O Hélder Quintela estava an AM aquando da minha demissão. Aconselho-o a ler o meu discurso. E pode ser que, agora do lado dos menos fortes (não gosto da palavra "fraco"), compreenda a minha frustração para com a política em Felgueiras (e não só).

Ao Hélder Quintela, que é só um pouquinho mais novo do que eu, permito-me o seguinte conselho: calma, muita calma!

É nas derrotas que se percebe quem são os amigos e quem são os outros; quem nos respeita pelo que somos e quem nos respeita pelo que lhes podemos oferecer.

Este é o momento para muita gente, no PS Felgueiras, fazer uma cura das maleitas do Poder. E, se souberem atravessar o deserto, que a ninguém restem dúvidas que a praia voltará a ser alcançada.

Escrevi, um dia ( julgo que na VF, mas não tenho a certeza), que ser do CDS era um dom: nada temos para dar: nem tachos nem favores. Somos o que somos e tentamos ser felizes. O povinho não percebe, ou não quer perceber: tanto pior para o povinho. Não temos medo de dar a cara e já sabemos o fim da história ainda antes de abrir o livro. Mas como da política não comemos nem vivemos, lá seguimos de imediato prontos para a próxima "sova".

Por isso, saber perder é uma arte. Mas saber viver, de cabeça levantada, derrota após derrota é uma virtude. Saber defender as suas ideias e ideais, mesmo sabendo-se em infinita minoria, é um acto extremo de democracia que muitos não compreendem e não aceitam por acharem que a Maioria tem sempre Razão sobre a Minoria. E só os tolos assim pensam. Se bem que às vezes sejam uma multidão!

"Glória aos vencedores; Honra aos vencidos", diziam os Latinos. Mas isso era há 2000 anos atrás... Agora.... envergonham-se e escondem-se!

Perder não é vergonha. Vergonha é desistir. E eu, não desisto.





3 comentários:

HQuintela disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
HQuintela disse...

Meu caro PCR!
Os meus desencantos não são com a derrota nem por estar na oposição. Aliás, reconheço que poderei contribuir muito mais nesta posição do que na anterior.
A mim o que me desencata são atitudes, actos, frases e ditos que demonstram que a política não é hoje nem séria nem idealista! E quando me refiro à política já nem me restrinjo apenas à política concelhia, mas sim distrital e nacional.
Orgulho-me de contribuír para o desenvolvimento do país, no papel de docente do ensino politécnico e de investigador. Mas, começo a pensar que esta não é a política em que gosto de intervir!
E começo a questionar-me se esta é a política e os políticos que os portugueses desejam!

p.c.r. disse...

Caríssimo Hélder,
como diz um vestuto amnigo meu: "isto cheira a Baixo Império!(Romano)".
Em 30 anos os nossos democratas conseguiram fazer o que os parvinhos do Estado Novo fizeram em 50!
O descrédito da vida política é tal que até parece criminoso quem por lá anda...
Há que mudar.... não sei como nem para onde... mas há que mudar!