Numa terra de brandos costumes, manda quem exerce o poder. Longe vão os tempos do povo de braços no ar, reivindicando, exigindo até, o que de mais básico fazia falta naqueles tempos. Há trinta anos atrás a nossa «pequena» revolução, trouxe a «liberdade» de exercer o direito ao voto, o direito ao protesto, o direito a exercer o livre pensamento e a livre opinião. A geração que precede a minha lutou, sofreu, foi presa, torturada e exilada, para que as gerações vindouras pudessem ter um futuro melhor que o seu. Foram utilizados todo o tipo de discursos ao melhor estilo do «orgulhosamente sós», não precisamos de nada nem de ninguém e ainda mandamos os nossos «excedentes» para fora. Filhos enviados para uma guerra desnecessária, fútil, que apenas trouxe viúvas e mães desesperadas.
Depois disso, o despertar para uma nova realidade. Novos produtos, nova cultura – filmes e livros antes proibidos, para qualquer cidadão ver e ler – e nova realidade social. Tanto por fazer, tanto por aprender, tanto por reivindicar!
Por cá, em época de festas de S. Pedro, o povo anda esquecido, adormecido até. Há quem pareça completamente desligado da realidade como se nada mais importasse que não o seu emprego e o regresso a casa. Não importa se são novos ou mais velhos, solteiros ou casados, homens ou mulheres é uma total indiferença ao que se passa à sua volta. Claro que quem beneficia com isto é quem exerce (mal) o poder. Esta «benesse» concedida pela população a quem exerce o poder em Felgueiras tem efeitos perversos nela mesma, quem mais precisa.
Falta tudo. Não há cultura, a oficina de teatro usa as instalações da biblioteca municipal onde chove nos corredores apesar de ser um edifício recente, não há um único cinema (!!) numa cidade como Felgueiras, não há exposições, museus, concertos. Não há – por mais que afirmem o contrário – uma política de juventude. Os jovens felgueirenses estão ostracizados há anos neste concelho. A casa da juventude é um projecto eternamente adiado e nunca concretizado, não existem alternativas credíveis de ocupação de tempos livres, projectos de verão, projectos culturais ou desportivos que ocupem os nossos jovens neste tempo de defeso, enquanto esperam pelas férias dos pais para fugir do concelho rumo às praias. Os jovens que têm a felicidade de estudar por esse país fora, raramente regressam à terra natal, Felgueiras. Não há alternativas de emprego no concelho, não conseguem colocar em prática as profissões para as quais estudaram – eu sei, dirão alguns, que por esse país acontece o mesmo – mas mesmo que o pudessem fazer, não o fariam porque comparando o «pacote da qualidade de vida», Felgueiras perde em todas as comparações. E não, não precisamos de estar a falar apenas de grandes cidades, com as médias e pequenas também perdemos. Jovens casais, com acesso à possibilidade de sair daqui, nem que seja por uma noite em direcção ao Porto, Braga, Amarante, ou mesmo mais perto Guimarães, fazem-no sem hesitarem, não há alternativas. A cidade é um deserto num qualquer fim-de-semana dos meses de verão.
Com tudo isto, ou melhor, com a falta de tudo isto, aqui estamos nós, na nossa pequena lamúria de café, queixando-nos uns aos outros, concordando uns com os outros, mas falar no momento certo isso é outra conversa, isso é outra coisa. Entretanto aqueles que lutaram, sofreram, reivindicaram, vêm esta apática geração de conformistas no seu vaivém diário, nada fazendo para melhorar o seu futuro. Não pretendo uma revolução mas «porra», LUTEM!
Depois disso, o despertar para uma nova realidade. Novos produtos, nova cultura – filmes e livros antes proibidos, para qualquer cidadão ver e ler – e nova realidade social. Tanto por fazer, tanto por aprender, tanto por reivindicar!
Por cá, em época de festas de S. Pedro, o povo anda esquecido, adormecido até. Há quem pareça completamente desligado da realidade como se nada mais importasse que não o seu emprego e o regresso a casa. Não importa se são novos ou mais velhos, solteiros ou casados, homens ou mulheres é uma total indiferença ao que se passa à sua volta. Claro que quem beneficia com isto é quem exerce (mal) o poder. Esta «benesse» concedida pela população a quem exerce o poder em Felgueiras tem efeitos perversos nela mesma, quem mais precisa.
Falta tudo. Não há cultura, a oficina de teatro usa as instalações da biblioteca municipal onde chove nos corredores apesar de ser um edifício recente, não há um único cinema (!!) numa cidade como Felgueiras, não há exposições, museus, concertos. Não há – por mais que afirmem o contrário – uma política de juventude. Os jovens felgueirenses estão ostracizados há anos neste concelho. A casa da juventude é um projecto eternamente adiado e nunca concretizado, não existem alternativas credíveis de ocupação de tempos livres, projectos de verão, projectos culturais ou desportivos que ocupem os nossos jovens neste tempo de defeso, enquanto esperam pelas férias dos pais para fugir do concelho rumo às praias. Os jovens que têm a felicidade de estudar por esse país fora, raramente regressam à terra natal, Felgueiras. Não há alternativas de emprego no concelho, não conseguem colocar em prática as profissões para as quais estudaram – eu sei, dirão alguns, que por esse país acontece o mesmo – mas mesmo que o pudessem fazer, não o fariam porque comparando o «pacote da qualidade de vida», Felgueiras perde em todas as comparações. E não, não precisamos de estar a falar apenas de grandes cidades, com as médias e pequenas também perdemos. Jovens casais, com acesso à possibilidade de sair daqui, nem que seja por uma noite em direcção ao Porto, Braga, Amarante, ou mesmo mais perto Guimarães, fazem-no sem hesitarem, não há alternativas. A cidade é um deserto num qualquer fim-de-semana dos meses de verão.
Com tudo isto, ou melhor, com a falta de tudo isto, aqui estamos nós, na nossa pequena lamúria de café, queixando-nos uns aos outros, concordando uns com os outros, mas falar no momento certo isso é outra conversa, isso é outra coisa. Entretanto aqueles que lutaram, sofreram, reivindicaram, vêm esta apática geração de conformistas no seu vaivém diário, nada fazendo para melhorar o seu futuro. Não pretendo uma revolução mas «porra», LUTEM!
(*) Expresso de Felgueiras, 29 de Junho 07
1 comentário:
A mais absoluta verdade... Mas estamos numa democracia. E quem não concorda com a maioria embarca num êxodo rural.
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