quinta-feira, outubro 4

O sucessor do sucessor (*)

Num universo de cerca de cento e quarenta mil militantes do PSD, eu sou o número 30.959. Poderia ter outro número, talvez mais baixo, se, aquando da “limpeza” de Rui Rio aos ficheiros, tivesse “trocado” o meu número por um outro, mais baixo, de alguém que se tivesse mudado ou então morrido, mas não, ficou o mesmo e a data de filiação está lá, acho que no (longínquo, eu sei) ano de 1992, portanto há 15 anos. Antes disso, três anos antes, tinha-me filiado na JSD. São, assim, cerca de 18 anos do “bichinho” da política, de amena cavaqueira sobre a nossa sociedade, sobre os nossos políticos e também de algumas discussões. Foram também algumas eleições, combates renhidos (outros nem tanto), diferenças de opinião, mas nenhumas eleições se comparam com aquelas por que o meu partido atravessa. Nunca vi um partido descer tão baixo na discussão das suas diferenças.
Não gosto de Menezes, nunca gostei. Sempre o achei, mesmo na altura da JSD e das maiorias de Cavaco Silva, um demagogo. Esteve em Felgueiras, em campanha, por várias vezes enquanto líder da Distrital do PSD, é um político profissional, mas o seu discurso populista e demagogo, nunca me convenceu. A discussão, na praça pública, das regras mais elementares e básicas do regulamento eleitoral e do pagamento de quotas, que já existem (justas ou injustas) há vários anos, e com as quais se candidatou, é de uma falta de postura e de carácter fora de série. Marques Mendes, isolado e com o seu trabalho “minado” durante dois anos, encontra um partido que (como o partido do governo, só que neste não se nota enquanto for governo) precisa de uma profunda reforma. Tal como noutras áreas da sociedade, a política é cada vez menos para os cidadãos. O dever de cidadania resume-se, quando muito, ao “ir votar”, a distância entre os “fazedores” de política e os cidadãos é cada vez maior e a credibilidade dos políticos em geral é o que se vê. Não acho Marques Mendes a melhor opção para o PSD, mas Menezes não o é seguramente. Escolha difícil esta!
Escolhas mais fáceis terão os membros da Assembleia Municipal de Felgueiras que esta noite se realiza. A proposta de forçar a queda da Mesa da Assembleia Municipal, possível mas de difícil execução, vê a cada dia que passa a sua força retirada, incluindo dos próprios que a deviam apoiar (como é estranho este PS). Tirando mais algumas surpresas que possam existir, no período mais político e normalmente mais aceso das Assembleias, será tudo sereno. Longas e técnicas intervenções, fazendo justiça aos conhecimentos dos intervenientes, logo secundadas por uma ainda mais longa e técnica explicação e argumentação da presidente da autarquia. Intervenção política, a ser como antes, não há. Ou a que há, vê ser-lhe retirado o valor pela desvalorização das restantes. Este é, aliás, um dos mais graves problemas dos membros da Assembleia Municipal de Felgueiras. A falta de preparação política e consequentemente de intervenções políticas. Estas, quase sempre reservadas aos mesmos, nos mesmos tons, e com os mesmos erros de oportunidade sem saberem parar a tempo. Nisto, as direcções partidárias têm a sua culpa, foram eles que os escolheram, é com eles que têm que trabalhar.
(*) Expresso de Felgueiras, 28 Setembro 07

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