sexta-feira, maio 4

Comunicação Social em Felgueiras

Há um debate, ou pelo menos uma reflexão, que precisa de ser feito em Felgueiras a propósito da Comunicação Social. Qual o seu papel, que postura e que tipo de orientação editorial devem ter os jornais e rádio locais.
É sabido que a linha que separa a necessidade de informação e o acesso a fontes, da pressão «orientadora» dos assessores e chefes de gabinete, é de difícil limite. Contudo, a nível local existe um outro aspecto a ter em conta. O comercial. Qualquer projecto, não subsidiado e não estatal, sabe que as receitas têm que ser superiores às despesas existindo uma pressão suplementar na direcção dos jornais. Tivemos o caso do «Sovela» e do «Voz de Felgueiras» cujo papel muito específico de «jornais de regime», tiveram vida curta, ou encurtada, por alterações no panorama político local. Acabada a finalidade acabado o projecto.
Oiço e leio frequentemente algumas «acusações», ou pelo menos insinuações, de que há jornais «colados» ao poder. Não me parece, pelo menos de uma forma visível e explícita. É legítimo que saiam várias edições com a fotografia de Fátima Felgueiras na capa? Sim. Vende muito mais que outras edições, sem com isso querer dizer que se está a dar «palco». É legítimo que sejam feitas edições especiais e suplementares a propósito de festas concelhias? Sim. Do ponto de vista comercial é importante. Discordo é com o facto de se protelar a data de saída do jornal, prejudicando conteúdos e investimentos publicitários em detrimento da imagem de seriedade, fiabilidade e profissionalismo entretanto criada. A vertente comercial deve estar presente, mas há alturas em que é preciso ver quando isso prejudica a linha editorial do jornal.
Grosso modo a forma como se transmitem notícias em Felgueiras, salvo muito pontuais excepções, é pura e simplesmente retransmitir a «LUSA» e pouco mais. O trabalho de inquirir, provocar, querer saber mais, não existe. É tudo politicamente correcto demais.

8 comentários:

J Santos Pinho disse...

A comunicação social tem de ser - por uma questão de princípio - anti-poder, qualquer que ele seja.
É a única forma salutar de manter a independência.
Por muito que digam o contrário...

Sérgio Martins disse...

Apesar de não saber com quem troco estas palavras, (apenas pela “assinatura” USAF da Universidade Sénior e Autodidacta de Felgueiras, não vou lá, mas fiquei a conhecer mais um blogue de Felgueiras. Já acrescentei o link aí na barra da direita) não deixo de discordar.
A sua afirmação é em si mesmo um conflito de interesses. Se a comunicação social tem que ser «anti-poder» já não é independente, não é? Pelo menos aos olhos de quem exerce o poder. Nunca se agradará a todos, é verdade, mas interessa manter alguma (prudente) distância com todos. Não deixando de veicular as actividades e acções da Oposição, não deixando também de dar nota das acções de decisões do «poder» sem que isso possa parecer «propaganda». O que não convém mesmo nada é colocarem-se a jeito, isso não

Vítor de Sousa disse...

vc. não percebe nada de comunicação social. Se pegar nos livros - que lhe se´rá mais fácil... -, poderá ver que comunicação social=contrapoder. Sem mais... Isso de a comunicação social ser "independente", meu caro, não existe. Santa ingenuidade...

J Santos Pinho disse...

Olá Sérgio:

Viva.
Começo por me penitenciar pois pensei que o comentário assumiria automaticamente o meu nome.
Obviamente não falo pela USAF mas apenas em meu nome pessoal.
Quanto ao comentário reitero tudo aquilo que afirmei:
Ninguém é completamente independente (até porque não se consegue não ser, não é?) e é preferível assumirmos as nossas convicções com isenção do que camuflarmos hipotéticas isenções.
Com os melhores cumprimentos.
J Santos Pinho

Sérgio Martins disse...

Cumprimentos a todos,

Claro que ninguém consegue ser completamente independente – e se alguém pensava que eu afirmei o contrário digo já que eu também não! O que apenas contestei, foi a afirmação « A comunicação social tem de ser - por uma questão de princípio - anti-poder, qualquer que ele seja.
É a única forma salutar de manter a independência.»

Jorge Silva disse...

Olá, a ambos.
Queria apenas dizer uma coisa,
Por Exemplo, no período de esclarecimento do referendo (sobre a despenalização do aborto), vocês por acaso viram algum debate, organizado por algum dos meios de comunicação social local?!! Pois nem eu ....
Mas afinal a Comunicação Social não serve, também, para por diferentes opiniões em debate que leve a um esclarecimento das populações??
Mas devem eles pensar !!!!!! Deixem-nos cá estar muito quietinhos, que assim é que estamos bem.
Jorge Silva

Leonel Costa disse...

Concordo plenamente com o último parágrafo do post. Não há jornalismo!! Há sim, a publicação de reproduções e de opiniões.
De qualquer das formas é certo o sufoco financeiro com que, imagino, vivem os “nossos” (ou “deles”, conforme!!) jornais.

Sérgio Martins disse...

Uma das coisas possíveis de analisar é o facto de todos os visados nesta questão da comunicação social se manterem à margem da discussão, ou seja, sem pretenderem reflectir. Quando aqui lancei um desafio – em forma de conversa de amigos – não é para «dizer mal» é apenas para que se partilhe, contribuindo, para um debate necessário em que os próprios são os mais beneficiados. Mas ainda não perdi a esperança… ou terei que a perder?