quinta-feira, janeiro 11

Um movimento estagnado (1) (2)

O dia escolhido não podia ter sido o melhor. A Restauração da Independência do domínio Filipino, em 1640, pelo simbolismo que tem de «libertação» do jugo espanhol que durava há já 60 anos. Fruto de uma crise de liderança, como hoje se usa dizer, com a morte de D. Sebastião, na batalha de Alcácer-Quibir, Filipe II de Espanha sagrou-se Rei. Trezentos e sessenta e seis anos depois, em Felgueiras, perante uma plateia convidada para um lanche comemorativo do primeiro aniversário da vitória do Movimento Sempre Presente nas eleições autárquicas, é feito o anuncio. O movimento político que suporta a câmara municipal vai ser legalizado.
Um dos principais motivos apontados foi o de que os partidos «tradicionais», tal como os conhecemos, não servem as pretensões dos cidadãos, «perseguindo» até os seus pares quando discordam das estratégias das direcções partidárias. Tenho a firme convicção que muita gente se esquece que a Democracia, (pelo menos a Democracia com eu a entendo) é feita de uma pluralidade de opiniões e que a opinião representa responsabilidade. Ao discordarem de uma orientação do partido e contrariando o sentido de voto do mesmo, em questões fundamentais de estratégia, devem saber as consequências. Noutros tempos, quando tudo era um só partido no poder em Felgueiras, uma pequena irreverência na bancada tinha outro tratamento, mais penalizador para as populações…
Entretanto, apontada esta critica, que o MSP afirma não existir no seu seio, esperava eu ver elencadas as vantagens de um movimento político desta natureza, afinal, tem já um ano de mandato para mostrar trabalho e as ditas «virtudes». Mas não, as virtudes não foram referidas e não existiu qualquer balanço do ano de mandato decorrido até agora, feito pelos próprios. Talvez porque as notícias não são muito boas.
Este ano que está na recta final, será um dos que teve a pior execução orçamental. O quê que isto significa para a população? Que continua tudo por fazer. Este é um concelho que olhando para trás dez anos, não vê alterações, não vê melhoria das condições de vida das populações e pior, não vê futuro.
Todas as «grandes obras» continuam por edificar, quer sejam responsabilidade do Estado quer da edilidade. O tribunal, a recuperação do Teatro Municipal, a Casa da Juventude, prometida e nunca realizada, mas também instrumentos essenciais ao concelho como a revisão do PDM, parada há anos, e que vê apenas agora alguma movimentação. Os mecanismos necessários à revitalização económica do concelho, ao alcance da autarquia, tardam em aparecer e a iniciativa privada não surge.
A grande diferença entre um partido político e um movimento político, está apenas no nome, o conteúdo é o mesmo, neste caso, até as pessoas são as mesmas.
(1) in Expresso de Felgueiras 7 Dezembro 2006.
(2) Este era o título correcto da crónica e não «O dia escolhido» como erradamente foi publicado

3 comentários:

Marta Rocha disse...

De um Movimento imóvel, que é um pretexto, não se pode esperar grande virtude.

As virtudes, quando as há, são sempre mencionadas, por vezes sobrevalorizadas. Como não existem, tenta-se colmata-las com festejos e futilidades. É esta a prerrogativa da nossa presidente da Câmara.

Pedro Fidalgo Machado disse...

debate sobre interrupção voluntaria da gravidez, sabado dia 20 de janeiro, 15:00 no café jardim com:

Alda Macedo, Deputada do Bloco de Esquerda pelo Porto na Assembleia da República.

Cecília Costa, Movimento Médicos pela Escolha.

Flor Neves, Membro da Mesa Nacional do Bloco de Esquerda.

Margarida Vilarinho, Movimento Cidadania e Responsabilidade pelo Sim.

Pedro Machado, Membro do Secretariado do Bloco de Esquerda de Felgueiras.

Cumprimentos
BE Felgueiras

Marta Rocha disse...

Foi exactamente o que me ocorreu ao ler o coment sobre o chamado "debate" do BE. Porém não comentei.

É que mesmo sendo tendenciosa, é uma iniciativa que apela ao voto, o que é sempre salutar.

Mas prefiro a que teve lugar hoje em Lisboa, organizada pelo PSD, com oradores convidados, provenientes de vários partidos.

O debate de ideias, pressupõe que haja vários pontos de vista, mas talvez os adeptos do "Não" se encontrem na plateia e aí, quem sabe, se esta propaganda política não possa mesmo vir a chamar-se debate.