Aqui está mais um ano lectivo a começar. Longe vão os tempos em que era apenas necessário levar a pasta a tiracolo com a meia dúzia de livros indicados pela professora. Hoje, para além da mochila da marca «tal» e dos ténis marca «não-sei-quê», o telemóvel última geração não falta na algibeira das criancinhas. Os pais, num corrupio sobre-humano alcançam nos hipermercados os cadernos e lápis da moda, vão fazer as inscrições na natação, inglês, karaté, hipismo, ballet não esquecendo a informática, mantendo assim os petizes ocupados, esquecendo-se, por vezes, de os deixarem ser crianças. Nesta onda dos prolongamentos de horários, novo regime nas escolas. Agora, as crianças do primeiro ciclo podem ter diversas actividades, permitindo assim que os progenitores os possam deixar na escola no início da manhã e apenas os venham buscar ao fim da tarde. Correria tudo muito bem, não fossem as escolas não terem as condições mínimas necessárias para implementar o novo regime. Há, ou melhor, falta de tudo um pouco. Desde cantinas, pratos e talheres – que vão para a escola em conjunto com os lápis, cadernos e o telemóvel última geração - a espaços onde leccionar as aulas de Apoio ao Estudo e polivalentes transformados em salas de aula. Se o efeito pretendido era a bagunça geral, ela aí está. Não obstante o cenário, gostaria de propor um desafio aos vereadores responsáveis pelos pelouros da Educação e Desporto, da Câmara Municipal de Felgueiras. Implantem, em Felgueiras, um «Plano de Desenvolvimento do Xadrez», a exemplo do que se faz em inúmeras cidades por este país fora, nas escolas do primeiro ciclo. Para além de ser um desporto extraordinariamente barato, se comparado, por exemplo, com as verbas dispendidas com o futebol, traz inúmeros benefícios aos jovens. Nessas idades, está comprovado o desenvolvimento do raciocínio e capacidade intelectual, assim como aumenta a formação social e desportiva – não há violência, nem árbitros a condicionar resultados. Aumenta a capacidade de concentração, e a lógica seguida para analisar as jogadas nas aberturas e finais das partidas favorece o pensamento matemático. Por todos os motivos, o xadrez é responsável por um aumento do rendimento escolar dos alunos que o praticam. Para além disso, poderiam sempre realizar um torneio anual, por exemplo nas «felgueiríadas» (se até lá o pelado passar a relvado), com centenas de crianças a praticar xadrez. Quem sabe se não sai de lá algum campeão, assim… género «foca»?
* [Sérgio Martins - Expresso de Felgueiras - 29 Set. 06]
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