O eleitor, o mesmo é dizer o povo, tem sempre razão.
Mas será que tem mesmo?
A agora presidente da autarquia eleita por um tal SP e que no anterior mandato havia sido eleita por um tal PS, teve recentemente verdadeiros laivos de clarividência que só os rebates de consciência produzem.
Então não é que esta "autêntica supra sumidade em gestão autárquica" que no período de 2001 para 2002 do mandato anterior fez pular a dívida da autarquia apenas, só apenas, mais cerca de 3 milhões de euros, teve agora a "visão esclarecida" de descobrir que, usando as suas próprias palavras «a autarquia está no limiar da bancarrota».
Devemos, claro está, acreditar piamente na Senhora, tanto mais que afinal foi ela a presidente no mandato anterior, pelo menos no período em que a dívida autárquica subiu significativamente, pelo que da sua gestão e da dos seus vereadores sabe ela melhor que ninguém.
Mas a presidente de câmara ainda foi mais longe aproveitando para, em plena Assembleia Municipal, culpar o executivo anterior, acrescentando que foi a «pior gestão» que viu desde que é autarca.
Mas então não era ela a presidente do executivo anterior? Não o foi durante cerca de dois anos?
Podemos assim concluir, voltando ao início, que o Eleitor teve toda a razão na escolha que fez tanto neste como no anterior mandato!
E ele, o eleitor, tem sempre razão mesmo quando a não tem!
A única dúvida é que tendo o eleitor tido razão, não se percebe mesmo o que é que ele e o concelho ganharam com tal razão? Igualmente se não descortina porque insiste em eleger aqueles que elege, depois de os ter ouvido prometer o céu, de os ter visto endividar o concelho, para agora voltar a ouvi-los confessar que o concelho está endividado («na bancarrota») e que a culpa é do anterior executivo (onde ela até presidia).
A culpa, como sabemos, morreu solteira.
É por isso que a clarividência das massas sempre me fascinou!
2 comentários:
Há «fenómenos» que passam ao lado da lógica e da explicação objectiva.
E da preparação dos portugueses para usarem o direito de escolherem os seus representantes.
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