quinta-feira, fevereiro 26

O Reino (*)

Para grandes males, grandes remédios. Antigo ditado este, a que eu acrescento que há sempre pelo menos duas soluções para o mesmo problema. Em tempo de eleições e enquanto não saiem da bruma os candidatos salvadores, há visões esclarecidas do mundo e da sua terra. E daquilo que é mais importante e especial: as populações, o seu bem-estar, o seu futuro e a qualidade de vida que se pode oferecer.
Telmo Faria é o presidente da câmara municipal de Óbidos um concelho com onze mil habitantes, com necessidade de crescer e se tornar mais acolhedor. O resto da história já sabemos. Facilitar a construção, edificando de forma descontrolada, selvagem até, aumentando os cofres da autarquia através de taxas e licenças, vistorias, mais taxas de água, saneamento e recolha de lixos. Se a área edificandi não chega, arranja-se mais alterando o PDM. É assim que todos fazem não será diferente aqui também. Esta é a receita normal e habitual em Portugal. Só que, como cada problema tem, pelo menos duas formas diferentes de o resolver, este autarca decidiu mudar a forma como se deve fazer.
Sabendo da paisagem edílica que tem, e da proximidade a Lisboa (uma hora) decidiu evitar que o fluxo de pessoas a deslocarem-se fizessem desta localidade outra cidade de betão. Em vez disso começou por tomar uma série de medidas todas orientadas para “preservar a baixa densidade, a qualidade de vida, a imagem de prestígio. A criatividade e inovação passaram a ser as únicas ferramentas possíveis para crescer em qualidade e não em quantidade” como fez questão de referir. E para lá daqueles discursos elaborados dos políticos, muito rebuscados e cheios de coisa nenhuma, decidiu começar com uma medida concreta. Alterou o PDM que previa a criação de trinta e nove mil camas em dois mil hectares para vinte mil camas em quatro mil hectares. Isto equivale a cinco/seis habitantes por hectare, uma das médias mais baixas da Europa. Este tipo de turismo equilibrado permite cumprir com a fórmula “menos pessoas, mais valor”. Para além disso decidiu também que Óbidos passaria a fazer parte da rede de cidades e vilas criativas. Com uma série de outras medidas – casas-ateliers, sustentáveis do ponto de vista ambiental, redes wireless que permitem às pessoas trabalharem a partir de Óbidos - tornou o concelho atractivo para indústrias criativas. Sem dúvida uma visão diferente e uma pedrada no charco das pressões imobiliárias que tanto descaracterizam as cidades.
No meio de tão chuvoso inverno, e do meio da neblina, sairão os candidatos da oposição à autarquia. Tal e qual nesse mesmo tempo há dificuldade em arranjar “sucessor”. Entretanto, a casa real prepara calmamente a sucessão entre gerações de Felgueiras…
(*) Expresso de Felgueiras, 11 de Fevereiro 2009

1 comentário:

Quo Vadis disse...

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