quarta-feira, fevereiro 11

A culpa é do rating(*)

Por causa de uma empresa chamada Standard & Poor’s, que atribui os rating’s das empresas e dos Estados, ter baixado a notação financeira da dívida portuguesa vamos todos pagar mais. Sendo certo que foi essa mesma empresa que atribuiu a notação à Islândia, e no dia seguinte o país anunciava que estava na bancarrota, assim como à Lehman Brothers e à AIG só para dar alguns exemplos, infelizmente essa notação do rating continua a merecer a “credibilidade” dos operadores financeiros mundiais e, como tal, a influenciar a forma, e pior, o montante que vamos pagar pela dívida pública. Ou seja, vamos pagar mais caro. Apesar de tudo, os reparos que a Standard & Poor’s faz na sua análise, são pertinentes. Afirmam que Portugal não vai conseguir efectuar as reformas estruturais que necessita, devido ao fraco crescimento económico e à baixa produtividade, que, associadas à brutal divida pública (as previsões apontam para que ultrapasse os 70% do PIB) dão um cocktail explosivo para a nossa economia. O Governo socialista, em fim de mandato, não cumpre com nenhuma das promessas em matéria económica e claro, a culpa vai ser do rating.
Não são, de facto, bons sinais. Se associarmos isto, ao facto de a equipa do ministério das finanças ter sido recentemente acusada de não saber efectuar previsões macroeconómicas, depois de o governo ter dito que o Orçamento para 2009 era o melhor Orçamento de sempre e passado pouco tempo ter que o vir rectificar porque assentava em previsões económicas erradas, começo a pensar que estamos num barco à deriva. Por causa da teimosia de um primeiro-ministro que acha que a solução para os nossos problemas vai ser o investimento público, vamos todos pagar mais dinheiro, mais juros e durante mais tempo, por cada cêntimo que for agora gasto. Num ano de eleições, vamos ver o governo, câmaras e juntas de freguesia a gastar, para inaugurar e quem vier depois pagará a conta. Só que, quem vem depois são os nossos filhos e os nossos netos.Mas José Sócrates anda em altura de azares. Não é que o primeiro-ministro acaba de dizer (26 de Janeiro), a propósito de um alegado relatório da OCDE sobre a reforma no 1º ciclo, que “há muitos anos que leio relatórios da OCDE sobre educação e eu nunca vi uma avaliação sobre um período da nossa democracia com tantos elogios”, para logo a seguir (28 de Janeiro) dizer “eu nunca disse que o relatório é da OCDE”. O nosso primeiro anda um bocado confuso com isto tudo, e de facto, esqueceu-se de dizer que o estudo tinha sido solicitado pelo governo que “recrutou” directamente o “peritos independentes” para o dito. Tudo normal portanto, não fosse a malta ter descoberto a tramóia. Finalmente começam os portugueses a ver o tamanho “bluff” que José Sócrates saiu. Mas o azar do nosso primeiro-ministro não fica por aqui. Agora os ingleses acham que ele teve alguma coisa a ver com um alegado esquema de subornos no licenciamento do Freeport de Alcochete. Ao contrário do que fez com o caso da sua licenciatura, agora veio logo a público desmentir. Pelo menos tentou, no meio de algumas hesitações e contradições com o tio e com ele mesmo. Mas claro, as coisas da Justiça são para a Justiça e as da política para a política.
(*) Expresso de Felgueiras, 30 de Janeiro 2009

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