sábado, julho 5

Parabéns… (*)

Celebrou este mês o seu cinquentenário o edifício dos Paços do Concelho. A melhor forma que a autarquia encontrou de comemorar tal evento, foi dar-lhe um apêndice. Semelhante, era eu comemorar os meus cinquenta anos com o acrescento de uma “marreca”. Deus permita que não. O Arq. Januário Godinho vê, lá onde quer que esteja, a sua obra ser adulterada, delapidada, violada até.
A única forma de justificar tal “apêndice” é a vontade férrea e persistência que caracteriza este executivo - para usar os mesmos adjectivos que os próprios usam no site da autarquia – para realizar esta obra, várias vezes contestada em reuniões de câmara, reprovada em Assembleia Municipal e pelos vários organismos que sobre ela se tinham que pronunciar. Assim, e em tempo recorde, foi alterado o projecto, lançado o concurso e iniciada a obra. O volume de construção encolheu, tal como o orçamento para o executar, tudo na justa medida para obter parecer positivo dos organismos e de dispensar passar pelo crivo da Assembleia Municipal que toca, cada vez mais, uma música diferente da autarquia.
É do mais elementar senso comum, que aquilo que se pretende construir, não servirá as exigências de espaço, de logística e de serviço ao munícipe. É público, – é a própria autarquia que o reconhece - que os arquivos municipais estão espalhados por vários edifícios na cidade, causando demoras (extremas em alguns casos) na obtenção de cópias de documentos e licenças, prejudicando os munícipes. A logística da câmara está absolutamente comprometida, com serviços a funcionar no edifício do “campo da feira” e a tesouraria no edifício camarário, obrigando, novamente o munícipe, a transitar entre edifícios para tratar dos seus assuntos. São funcionários com pilhas de processos nos braços, um vai e vem de viaturas. Que custos directos e indirectos podem aqui ser reduzidos? Muitos, por certo.
Um edifício de raiz com capacidade para albergar todos os serviços camarários, resultaria muito melhor por todos os motivos atrás referidos.
Tal atentado ao património teve ainda a rara capacidade de unir cidadãos de várias cores políticas e outros sem elas, em torno de um movimento de cidadãos contra este ultraje.
Eu gostava de ver esta desenvoltura ao vereador Bruno Carvalho. Da mesma forma desenvolta com que decidiu retirar relvados, que o projecto na zona desportiva “desencalhasse” e passe a ser concretizado. Que o Teatro Fonseca Moreira, veja o projecto avançar para a Casa de Artes, que a casa das torres, passe a ser a Casa da Juventude em vez de eternamente prometida, que os felgueirenses tenham os seus custos reduzidos em vez que verem em cada Assembleia Municipal as taxas a subirem e os serviços prestados a descerem. Que as crianças de Felgueiras tenham um Dia Mundial da Criança, a exemplo de todos os concelhos vizinhos (só de pensar que já tivemos umas “felgueiríadas” e ruas com transito cortado a este propósito), que as Festas de Maio estão cada vez mais pobres e pouco demonstrativas das capacidades deste concelho, sem contar com um paupérrimo S. Pedro. Eu gostava mesmo de ver a maioria “Sempre Presente”, sempre com essa desenvoltura para resolver os problemas. Talvez aí, a irónica declaração da presidente da autarquia na última Assembleia de que “Há gente que está assustada com a obra que se vai fazendo em Felgueiras” fizesse sentido…
Já agora, parabéns... “marreca”
(*) Expresso de Felgueiras, 27 de Junho 2008

1 comentário:

Marta Rocha disse...

Brilhante!