Não há fome que não dê em fartura, sempre ouvi dizer. Depois de muitos anos em que só via-mos os concelhos vizinhos a receber investimentos, privados ou públicos, eis que surgem notícias de que o nosso concelho vai receber importantes investimentos (privados, porque os públicos não querem nada com Felgueiras), na figura de dois (sim, espanto, dois!) shoppings no centro da cidade. Segundo o que foi noticiado, serão cerca de quarenta e quatro mil metros quadrados de área, que depois de prontos darão emprego a cerca de três mil pessoas.
Numa primeira análise, excelentes notícias para Felgueiras e para os cerca de cinco mil desempregados que engrossam as listas do centro de emprego, que nunca teve tanto movimento. Não devemos esquecer que o nosso concelho era conhecido como de “pleno emprego”, vangloriando-se a autarquia (com razão) para esse facto, que continua a constar do site da autarquia, apesar de agora ser uma miragem.
Alguns dos assíduos leitores dirão que sou daqueles que me “queixo” por ter e por não ter, um ingrato portanto. Mas não, apenas procuro fazer um pequeno exercício, que todos nós devíamos fazer: raciocinar. Reflectir sobre o que se nos apresenta evita dissabores futuros.
Bastará então pensar que a área total de construção dos dois shoppings é mais, muito mais, que a do shopping de Guimarães, um concelho com cerca de cento e sessenta mil habitantes, quando o nosso tem cerca de cinquenta e oito mil, e praticamente a mesma área existente em Braga com cerca de duzentos e vinte mil habitantes e vinte mil estudantes.
Segundo a escassa informação pública existente, um dos shoppings será temático, ou seja, a industria do calçado terá um espaço próprio para aí colocar o seu produto. É sabido que esses tipos de espaços estão com enormes dificuldades numa altura em que os clientes procuram diversidade. Impor esse modelo de gestão é condenar ao fracasso o projecto logo no papel.
As áreas propostas, e consequentes números de lojas, são demasiado elevados para Felgueiras, atendendo ao número de visitantes / tráfego, que os empreendimentos poderão gerar. Penso que nenhum dos impulsionadores e muito menos a autarquia quererá condenar desde já a viabilidade de um destes projectos.
Um shopping com uma área ajustável ao concelho e às necessidades dos felgueirenses, com salas de cinema, diversidade de produtos e lojas “âncora”, com algum destaque para o calçado, mas com um modelo de gestão já comprovado. Claro que o comércio local vai começar já a protestar, mas o que nós não vemos é, salvo raras excepções, o comércio local a modificar a forma como apresenta, chama e fideliza os seus clientes. Terão sempre razão de queixa, seja por que motivo.Deixo aqui apenas o meu alerta enquanto cidadão, que aquilo que possa parecer – e é, se bem aplicado e administrado – uma boa oportunidade pode ainda criar mais dificuldades a um concelho a precisar de sucesso e não de mais do mesmo.
Numa primeira análise, excelentes notícias para Felgueiras e para os cerca de cinco mil desempregados que engrossam as listas do centro de emprego, que nunca teve tanto movimento. Não devemos esquecer que o nosso concelho era conhecido como de “pleno emprego”, vangloriando-se a autarquia (com razão) para esse facto, que continua a constar do site da autarquia, apesar de agora ser uma miragem.
Alguns dos assíduos leitores dirão que sou daqueles que me “queixo” por ter e por não ter, um ingrato portanto. Mas não, apenas procuro fazer um pequeno exercício, que todos nós devíamos fazer: raciocinar. Reflectir sobre o que se nos apresenta evita dissabores futuros.
Bastará então pensar que a área total de construção dos dois shoppings é mais, muito mais, que a do shopping de Guimarães, um concelho com cerca de cento e sessenta mil habitantes, quando o nosso tem cerca de cinquenta e oito mil, e praticamente a mesma área existente em Braga com cerca de duzentos e vinte mil habitantes e vinte mil estudantes.
Segundo a escassa informação pública existente, um dos shoppings será temático, ou seja, a industria do calçado terá um espaço próprio para aí colocar o seu produto. É sabido que esses tipos de espaços estão com enormes dificuldades numa altura em que os clientes procuram diversidade. Impor esse modelo de gestão é condenar ao fracasso o projecto logo no papel.
As áreas propostas, e consequentes números de lojas, são demasiado elevados para Felgueiras, atendendo ao número de visitantes / tráfego, que os empreendimentos poderão gerar. Penso que nenhum dos impulsionadores e muito menos a autarquia quererá condenar desde já a viabilidade de um destes projectos.
Um shopping com uma área ajustável ao concelho e às necessidades dos felgueirenses, com salas de cinema, diversidade de produtos e lojas “âncora”, com algum destaque para o calçado, mas com um modelo de gestão já comprovado. Claro que o comércio local vai começar já a protestar, mas o que nós não vemos é, salvo raras excepções, o comércio local a modificar a forma como apresenta, chama e fideliza os seus clientes. Terão sempre razão de queixa, seja por que motivo.Deixo aqui apenas o meu alerta enquanto cidadão, que aquilo que possa parecer – e é, se bem aplicado e administrado – uma boa oportunidade pode ainda criar mais dificuldades a um concelho a precisar de sucesso e não de mais do mesmo.
(*) Expresso de Felgueiras, 9 Novembro 2007
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