Para além de muitos outros problemas que podem, e devem, ser apontados como argumentos para a falta de confiança que os eleitores têm nos seus eleitos (partidos) um dos que eu acho mais descabidos é a falta de «continuidade» na resolução dos assuntos. Ou seja. Num determinado momento, e em determinadas circunstâncias – políticas, agenda do partido, pessoais, etc. – um determinado assunto é trazido a debate público, com consequentes repercussões na comunicação social. Depois, mesmo não concluído cai no esquecimento dos jornalistas, e pior, no dos próprios intervenientes políticos. Lembro-me que o PSD e PS deixaram cair por completo o assunto dos danos causados no estádio municipal. Ainda hoje não se sabe o que ficou danificado (se ficou) e quanto é que isso custou, e ainda, se a garantia prestada pelos utilizadores chegou para cobrir os prejuízos. O PSD ameaçou impugnar uma determinada AM, chegou a realizar diligências nesse sentido e depois… nada. O próprio MSP, pela voz do seu líder de bancada, Dr. Lemos Martins, afirmou que iria impugnar uma outra AM e… nada.
Será que para bem da imagem dos partidos, já para não falar da dos seus intervenientes, não era melhor estes assuntos terem um outro tipo de tratamento?
Será que para bem da imagem dos partidos, já para não falar da dos seus intervenientes, não era melhor estes assuntos terem um outro tipo de tratamento?
3 comentários:
A imagem que eu (e outros como eu - aqueles que fazem por estar de fora) tenho da política é mesmo esta. A política é feita por pessoas, e nós somos todos pessoas. Mas algo acontece a partir de determinada altura, e as leis que nos regem passam a ser diferentes do que eram, e ainda por cima passam a ser verdadeiras, ou pelo menos quem as adquire acha que são tal.
- Aquilo que interessa hoje, não interessa amanhã, e vice-versa;
- Aquilo que é verdade hoje, não o é amanhã, e vice-versa;
- Aquilo que pensamos hoje, não pensamos amanhã, e vice-versa;
- Os outros são uma coisa hoje, e são outra amanhã, e vice-versa;
Os políticos dirão: "este tipo é um ignorante!"; os outros dirão: "tal e qual!"
Nunca conseguirei entender como é que as ideias de uma pessoa mudam consoante as do parceiro oposto. Se as dele são brancas as minhas são pretas e vice-versa. E as minhas passam a ser brancas ou pretas ou multicolores amanhã, conforme forem as do outro. Bolas! Como é possível as pessoas votarem em bloco numa ideia, num projecto? Como é possível que essa ideia seja exactamente a contrária dos outros? Como é possível que estejamos amanhã todos a votar exactamente na ideia contrária? "Eu quero um TGV porque tu não queres e quem manda sou eu, mas se tu quiseres um TGV e fores tu a mandar então eu não quero". Bolas! Será que as ideias para "andar para a frente com isto" são sempre contrárias umas das outras? Uma carroça que tenha bois dos dois lados a puxar, vai andando para o lado em que os bois tiverem mais força, mas que ninguém me convença de que se os bois estivessem todos do mesmo lado, a carroça não andaria mais rápido!...
Será que eu (e outros como eu - aqueles que fazem por estar de fora) entraríamos nestes esquemas se lá estivéssemos?
Há excepções, felizmente, mas... onde é que elas estão?
É verdade amigo Carlos,
Tal e qual. Aquilo que se defende em campanha já não se defende quando se é oposição apenas porque são os outros (no governo) a fazer.
Caro Saly (se me permite, que é mais fácil de escrever),
Discordo profundamente da sua afirmação «A democracia é o grande entrave do crescimento e do progresso.». São tantos os exemplos onde pode comparar que me abstenho de os referir. Apesar de todas as «doenças» e imperfeições da Democracia, não a contesto.
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