sexta-feira, junho 26

De eleição em eleição

Há apenas dois meses atrás víamos os críticos socialistas, a que se juntavam alguns “opinion makers” nas televisões e jornais, dizer que Paulo Rangel era uma segunda escolha do PSD para as eleições europeias. Não tinha nem o perfil, nem era uma figura conhecida em questões europeias. A sua única vantagem era a visibilidade que a liderança da bancada do PSD na Assembleia da República lhe dava, segundo os mesmos. Não podiam estar mais enganados quanto à avaliação que fizeram do mesmo. Paulo Rangel revelou uma inteligência e visão política fora de série, soube não entrar nas armadilhas e discussões que Vital Moreira lhe foi estendendo e acabou por ter uma vitória esmagadora nas eleições.
Muito se tem extrapolado quanto aos resultados. Para além da “surpresa” da vitória do PSD, que veio também dar a tranquilidade a Manuela Ferreira Leite, pelo menos até às legislativas, foi a surpresa do resultado do Bloco de Esquerda que se colocou como terceira força no espectro político português. Resta saber se os eleitores que votaram no BE são de “protesto” ou eleitorado que se torna militante. O PSD já fez saber, através de Paulo Rangel, que, perante tal cenário eleitoral numas legislativas, não colocaria fora de hipótese uma coligação com o CDS-PP. É necessário também saber com quem o PS fará uma coligação. Com os bloquistas ou com os comunistas?
Felgueiras não foi diferente do resto do panorama nacional com uma vitória folgada do PSD. O que alterou foi o facto de ter obtido vitórias em dezoito juntas de freguesia, facto que, só por si, representa uma mudança de atitude no eleitorado. Se fossem apenas votos de protesto teriam votado nos partidos à esquerda do PS ou em branco.
Por cá, começam a formar corpo as candidaturas socialista e social-democrata, sendo que a primeira já tem cartazes e promessas na rua, enquanto a segunda acerta os últimos pormenores da coligação com o CDS-PP. No meio das únicas duas candidaturas públicas, há um sem número de informações e contra-informações sobre alegada(s) candidatura(s) independente(s). Seja como forma de ganhar espaço político dentro dos seus próprios partidos com vista à garantia de um qualquer lugar ou como forma de fazer mossa nas outras candidaturas, desvalorizando-as ou, pelo menos, colocando-as em causa. Sofredor deste problema estará mais o partido socialista do que o social-democrata, já que as candidaturas independentes que aí se avizinham são desse espectro político, mas como já vimos, em política, previsões são o que são e só depois dos votos contados é que há certezas.
Expresso de Felgueiras, 19 de Junho 2009.

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