quarta-feira, agosto 26

Como fazer um candidato (*)

O marketing político tem destas coisas. Faz de condenados judiciais (certo que ainda em recurso, mas efectivamente condenados em primeira instância) candidatos cheios de brilho, luzes, cores e apresentações de candidaturas profissionais, com pouca gente, mas profissionais. Cada vez mais o processo de decisão do voto é assente em ideias geradas pelo marketing político de uma “ideia” de candidato e não pela “forma” do candidato. Não são conhecidos os programas dos candidatos, é conhecida a imagem construída pelas agências de comunicação do candidato às eleições. Aquilo que vemos é o produto da forma como determinado candidato é orientado pelas agências. Não digo que sou contra, sou até a favor da participação das agências em determinadas circunstâncias, como melhoria da imagem pessoal, discurso público, forma de intervir, posturas. Mais do que isso é uma artificialidade que não acrescenta nada. Melhorar o aspecto sisudo de um candidato de forma a que ele apareça mais “simpático” é uma coisa, fazer com que ele apareça em entrevistas, revistas e com afirmações que não produziu como se fosse especialista em algo que não é, é enganar o eleitorado. Aí, sou frontalmente contra.
Este tipo de atitude de cosmética é a que temos verificado sistematicamente no concelho de Felgueiras. Mostrar obras de ilusão, de fachada, de promessa é aquilo a que estamos habituados. Vemos uma usurpação de obras do governo pela autarquia, como se fossem suas. O governo usa na promoção da sua imagem mil e quinhentos milhões de euros para os novos centros escolares e a câmara municipal usa para a sua imagem os milhões dos 15 novos centros escolares. É um “faz de conta”, um quem é que se aproveita melhor da imagem de outros, aparecer ao lado de uma figura na fotografia ou nas imagens televisivas.
Felgueiras será este ano um verdadeiro case study para os politólogos e marketeers políticos. Temos vários cenários como, partidos políticos versus movimentos independentes, candidatos com “questões judiciais” versus candidatos sem questões judiciais (outros a nível nacional estarão também debaixo de análise) será que o eleitorado vai penalizar os autarcas a contas com a justiça? Campanhas feitas pela positiva versus pela negativa. Há para todos os gostos, sendo certo que a mediatização da campanha em Felgueiras nos órgãos de comunicação social nacional só vem beneficiar o MSP.
Depois de conhecidas a quase totalidade das listas candidatas, verifico ser verdade aquilo que já tinha afirmado. O PS teve uma enorme dificuldade em formar as suas listas, apresentando apenas nomes de segunda linha, afastados no tempo de Fátima Felgueiras, movidos apenas por um sentido de justiça pelo voto, que não existe. À Justiça o que é da justiça e à política o que é da politica. Nomes importantes do PS preferem não dar a cara ou estão com Fátima Felgueiras. No MSP, a saída de João Garção não é surpresa pelo desgaste e a falta de gosto por este tipo de vida política que já tinha manifestado, tal como não é surpresa a promoção de Bruno Carvalho já que durante o mandato ficou praticamente a cargo dele a comunicação da câmara e a sua defesa. No PSD os nomes estão em perfeita sintonia com aquilo que tem vindo a ser a estratégia desta comissão política. Novos rostos, jovens quadros com capacidade técnica e uma enorme vontade de mudar o rumo de uma terra parada no tempo. Resta conhecer o resto da equipa da Assembleia Municipal para verificar que o valor político dos candidatos se vai sobrepor a interesses mais ou menos pessoais.
(*) Expresso de Felgueiras, 21 Agosto 2009

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