terça-feira, maio 5

25 de Abril (*)

(Maio 2009) © Sérgio Martins, Vila Real, Portugal
O que é a Liberdade, ou melhor, a falta desta? O que é a Democracia?
Para aqueles, como eu, que nasceram com o 25 de Abril, a Liberdade e a Democracia são conceitos e ideais adquiridos. Faz parte do dia-a-dia de cada um de nós fazer as suas escolhas, emitir livremente a sua opinião – mesmo que nem sempre da forma mais correcta – e nem olhamos para o lado. Hoje em dia, qualquer pessoa, de qualquer idade ou condição social, pode contribuir, repito, contribuir com a sua opinião para uma discussão global. Basta para isso ter acesso à internet e, por exemplo, criar um blogue. A sua opinião será lida provavelmente por milhares ou mesmo milhões de pessoas, dependendo do tema e da divulgação do seu espaço. Aí, vai sujeitar a sua própria opinião à opinião e critica de outros que, por sua vez, vêm a sua também avaliada e comentada por todos. É um mar de informação e de opiniões para todos os gostos. Será isso positivo? Claro que sim! Terá isso algo de perigoso? Também claro que sim! Há limites que não podem ser ultrapassados da parte de quem emite opinião, de quem critica, mas também de quem está mais sujeito ao escrutínio e opinião dos outros. José Sócrates processou João Miguel Tavares (colunista do DN) por um artigo no referido jornal. O colunista agradece a atenção do senhor primeiro-ministro e refere ainda que este tem tanto direito a processá-lo como ele tem de dizer que o primeiro-ministro não se portou bem no caso Freeport.
No ano em que celebramos 35 anos da Revolução dos Cravos, há quem levante a voz para alguns atropelos à Liberdade. Ouvimos alguns queixarem-se de alegadas pressões sobre os órgãos de comunicação social, para emitirem esta ou aquela notícia. Há quem designe até os órgãos de comunicação social como “imprensa boa” ou “má” conforme emite notícias positivas ou negativas. Claro que uma notícia “boa” para o governo será sempre “má” para a oposição e há sempre gente descontente. Claro que quando um membro do governo ou de uma autarquia diz que irá processar todos os que falarem ou escreverem sobre este ou aquele caso, o entendimento que qualquer um tira é que existe uma pressão. Jornalistas e cronistas inibem a sua escrita ou os termos a aplicar em função do risco de serem ou não processados. Começamos também a assistir a uma forma de pressão sobre a Justiça. Uma Justiça que se quer independente e isenta não pode estar debaixo de suspeitas. Basta ver os casos mais mediáticos dos últimos anos para perceber que um processo como o caso Freeport, que já vai em duas investigações à própria investigação descredibiliza a mesma ou, pelo menos, levanta um grau de dúvida muito elevado que dá sempre azo a “teorias da conspiração” sejam estas favoráveis ou desfavoráveis ao processo.
Por cá, 20 anos depois de em 1989 ter sido prometida uma “zona desportiva” é inaugurada uma parte desta, longe dos projectos de piscinas olímpicas, courts de ténis, campos de basquetebol e outras promessas. Dirão alguns que, pelo menos agora já temos alguma coisa…

(*) Expresso de Felgueiras, 25 de Abril de 2009.

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