Tinha prometido a mim mesmo
que não voltaria ao (não) assunto, Escola Profissional de Felgueiras (EPF), a
não ser quanto todo o processo de dissolução e consequente solução que a
autarquia felgueirense encontrará estiver concluído. Disse, na altura em que o
vereador socialista Bruno Carvalho resolveu criar uma petição pública contra o
fecho da E.P.F. que despoletou o medo nos pais e alunos, a instabilidade no
corpo docente, o “diz-que-disse” e todas as teorias da conspiração, que nunca
os alunos e corpo docente seriam prejudicados. Apesar dos piores cenários
previstos, traçados e até desejados por alguns para a E.P.F., esta viu as suas
contas de 2012 e 2013 aprovadas em Assembleia Municipal, merecendo até um
rasgado elogio socialista às contas de 2013, portanto “pós-crise” anunciada. A
E.P.F. aumentou o número de alunos, tem um elevado padrão de ensino, os
docentes e alunos continuam a receber prémios nas mais variadas áreas, e
continua a ser a escola profissional de referência no vale do Sousa e Tâmega.
Portanto, o grupo político municipal socialista reconhece que as catástrofes
que previram para a E.P.F. não se verificaram.
Contudo, e é por esse motivo
que volto ao tema, o grupo político municipal socialista entendeu propor à
Assembleia Municipal uma Comissão Eventual da A.M. para acompanhar o processo
de dissolução da E.P.F.. Ideia mais disparatada. Desde logo porque a proposta
não assegurava a representatividade dos grupos políticos municipais na comissão
eventual, mas mesmo ignorando tal facto, demonstrativo da democracia
socialista, a ideia subjacente à comissão eventual não existe. Não há qualquer
facto concreto, anormal ou de gravidade tal que justifique a constituição de
tal comissão. O processo ainda não está concluído, estando a decorrer o prazo
legal para a dissolução da sociedade que, repito, não se vislumbra prejudicial
para os alunos, docentes e instituição. A existirem eventuais motivos, estes só
seriam de verificar no final do processo. Pela intervenção da bancada
socialista ficou patente a leitura política, intelectualmente básica, que do
chumbo à criação da comissão eventual, se conclui, que a coligação PSD/PPM quer
politizar o assunto E.P.F.
Ora, não há maior mentira em
todo este processo. Quem é que trouxe à praça pública o tema E.P.F.,
apresentando-o como uma quase catástrofe em período pré-eleitoral? O PS e o seu
vereador Bruno Carvalho. Quem é que, insistentemente, tem trazido à liça em
momentos muito concretos, na assembleia municipal, o tema? O grupo político
municipal do partido socialista. Das duas uma, ou há muitos interesses
escondidos ou muitos favores a pagar. O PSD não alinha neste tipo de jogadas
políticas com instituições que merecem respeito e credibilidade. Não faz uso de
expedientes políticos com pessoas, instituições como o passado da gestão
socialista do concelho nos habituou. Talvez por assim serem e o terem feito,
acham sempre que todos os outros são iguais.
Mas eu percebo a
tentativa do partido socialista, no dia a seguir às primárias que escolheram o
candidato às eleições legislativas, de passar ao lado do assunto. É que não
deve ser fácil eleger um candidato apenas porque será o menos mau dos dois,
muito menos aquele que foi eleito sem uma única ideia básica que seja sobre
como pretende governar e ainda menos que soluções “mágicas” tem. Não deve ser
fácil para os socialistas verem com António Costa, que em alguns momentos
afirmou que se cometeram erros na governação Sócrates, todos os principais
cabeças de cartaz desse mal lembrado governo. Será, se vencerem as eleições, um
claro regresso ao passado, ao despesismo, às engenhosas PPP’s, ao défice que o
governo seguinte do PSD terá que corrigir. Aqueles que tiverem memória sabem
que de todas as vezes em que necessitamos de ajuda financeira, que partido foi
chamado a governar a equilibrar as contas e a reganhar o prestígio
internacional? O PSD.* Expresso de Felgueiras, Edição 146